A tecnologia se tornou fator-chave para as mudanças nos negócios e gestão de riscos em qualquer setor, destaca Geraldo Cavagnari, líder de Global Business Service da IBM. “Há alguns anos, a tecnologia afetava fortemente apenas algumas indústrias e segmentos; em outros, era vista como algo periférico. Hoje é muito difícil para qualquer empresa afirmar que não depende da tecnologia, que ela não permeia toda a sua cadeia de valor”.
Cavagnari explicou como a transformação digital está impactando todos os segmentos em apresentação na oitava edição do CFO Forum IBM IBEF-SP. O evento, exclusivo para convidados da IBM, foi realizado neste fim de semana (09 a 10/09), em Itatiba (SP). A abertura do evento contou com participações de José Cláudio Securato, presidente da Diretoria Executiva do IBEF-SP, Marcelo Porto, presidente da IBM Brasil e Serafim de Abreu, CFO da companhia.
“O CFO da era digital sabe que a busca por eficiência é necessária, mas também entende que é fundamental agregar valor ao negócio”, ressaltou o líder de Global Business Service da IBM.
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Novas tecnologias para uma nova geração – Quatro tecnologias estão mudando o jogo nos modelos de negócios, de acordo com Cavagnari: Computação em nuvem, mobilidade, internet das coisas e computação cognitiva. Esta última, na qual as ferramentas “aprendem” com o uso, disseminará mais inteligência para os sistemas transacionais. “Se você quer entender o seu consumidor, você precisará colocar inteligência na ponta”.
Na próxima década, observou o executivo, a geração Millenial – formada por pessoas nascidas entre as décadas de 1980 e 1990 – será a maioria no consumo, na demografia e na tomada de decisão.
“Esse é o perfil de consumo que vai gerenciar os negócios nos próximos anos”, destacou. “São pessoas mais aderentes aos modelos disruptivos. Elas utilizam o celular para fazer tudo e não veem problema algum em aplicar dinheiro em entidades virtuais”.
Virtualização dos ativos – Boa parte das empresas que estão mudando os modelos de negócios em diversos setores já nasceram digitais. Elas estão assentadas em um modelo apoiado por novas tecnologias, no qual os ativos (antes vistos como barreira de entrada pelas empresas tradicionais) foram simplesmente virtualizados.
O foco desses novos players, explicou Cavagnari, está na conveniência e na experiência do usuário. São exemplos marcantes: Uber (oferece mais de 1,5 milhão de motoristas, e possui 0 carro próprio), AirBNB (dispõe de 1,5 milhão de casas para alugar, sem ser proprietário de um imóvel) e We Chat (provê comunicação para 650 milhões de pessoas, e não possui uma milha de fibra ótica).
As alavancas para o crescimento das companhias líderes desse novo mercado são: proporcionar uma experiência para o usuário superior; preparar-se para a entrada de invasores digitais; e buscar ser o primeiro do segmento (o melhor ou nada). “Estamos na era da super conveniência, na qual o cliente escolhe o melhor serviço e não vai utilizar as alternativas. The winner takes it all”.
Percepção dos CFOs – Como os CFOs estão reagindo a esse novo momento? Para fazer esse diagnóstico, Geraldo recorreu ao C-Study ( http://www-935.ibm.com/services/c-suite/study/study/ ) realizado pela IBM, em 2015, com executivos C-level de 1.200 empresas em todos os continentes. Foram envolvidos mais de 600 CFOs, dos quais 77 deles são da America Latina.
A primeira grande conclusão desses líderes (especialmente nas empresas com melhor desempenho), afirma Geraldo Cavagnari, é que a concorrência virá muito mais de players que estão fora do setor do que aqueles que estão na mesma indústria. Por isso, eles entendem que é preciso monitorar e até mesmo adquirir atuais e futuros concorrentes para mitigar riscos.
Assim com a concorrência, a inovação das empresas também poderá vir mais de fora do que dentro. Por isso, os líderes das empresas com melhor performance entendem a necessidade de formar alianças. “É preciso encontrar parceiros para inovar”.
Tomada de decisão baseada no futuro – As chamadas empresas aceleradoras de performance, conforme o estudo da IBM, se destacam das demais por realizarem algumas práticas com o apoio das novas tecnologias.
Essas companhias rastreiam novas oportunidades de crescimento, dentro e fora de suas indústrias originais (postura empreendedora) com a ajuda de tecnologias como a computação cognitiva. Além disso, aplicam a análise preditiva em seu planejamento financeiro, na previsão de receita e na gestão de risco, com o apoio de ferramentas de analytics. Assim, conseguem tomar decisões olhando para cenários futuros, e não apenas pelo retrovisor.
“Essas empresas observam os eventos que estão ocorrendo e criam padrões. Com o uso da análise preditiva, elas conseguem aumentar a chance de uma melhor avaliação de risco e ajustar a precificação do produto ou serviço – antes mesmo de executar a transação”, completou Cavagnari, deixando claro que para sobreviver à nova revolução digital, as empresas terão que se reinventar seus processos, produtos e serviços.
A reinvenção das empresas, nesta nova era, deverá observar três pilares: formar parcerias (ampliar os ecossistemas de parceiros de negócios para melhorar serviços, externalizar processos e ganhar eficiência); integrar (todas as informações internas e externas disponíveis sobre consumidores, mercados e concorrência, utilizando analytics e computação cognitiva); e, finalmente, antecipar (com o uso de ferramentas de análise preditiva).
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VISÃO DOS PARTICIPANTES
(Reportagem e entrevistas: Débora Soares e Natália Fontão / Fotos: Mario Palhares e Fábio Hosoi)