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CFOs avaliam 2017 como ano de recuperação

Executivos avaliam desempenho dos setores em 2017 e perspectivas para 2018

Prestes a fechar suas cortinas, 2017 será marcado como um ano de retomada para vários setores econômicos. Essa foi a percepção manifestada por CFOs reunidos no último almoço da Diretoria Vogal no ano.

As perspectivas para 2018 carregam certo nível de otimismo, ainda que pairem no ar incertezas sobre qual será o impacto do cenário político e das eleições presidenciais sobre a economia. A rodada setorial foi conduzida por Rogério Menezes, 1o. vice-presidente do IBEF SP e CFO da Smurfit Kappa Brasil.

Turismo: crescimento das viagens internacionais – O setor praticamente andou de lado em 2017, e tem expectativa de recuperação no último trimestre, notou Flávia Buiati, CFO do Grupo Rio Quente Resorts. O faturamento das empresas de turismo cresceu 5%, considerando o desempenho do segundo para o terceiro trimestre. O crescimento foi puxado pelas operadoras de turismo, que avançaram 14%. O setor de transporte aéreo mostrou recuperação, registrando crescimento de 12,7%.

Rogério Menezes, 1° vice-presidente do IBEF SP e CFO da Smurfit Kappa Brasil

Neste ano, o segmento de viagens internacionais, favorecido pela taxa de câmbio, cresceu mais do que o turismo doméstico. Para o último trimestre, a expectativa é de crescimento do turismo ligado a eventos, e manutenção da intenção de viagens a lazer. Para 2018, a perspectiva do setor é otimista, ainda que a volatilidade cambial possa continuar favorecendo o turismo internacional em relação ao doméstico.

Tecnologia: aposta em inovação – A expectativa é encerrar 2017 com crescimento de 18 a 20% em dólar, destacou João Paulo Seibel de Faria, CFO da Microsoft Brasil. A performance acima da economia se justifica pelo fato as empresas estarem investindo mais em tecnologia para obter redução de custos, eficiência e dar um salto de inovação. As PME estão impulsionando as compras de software, e espera-se que o segmento de software feche o ano com cerca de 30% de crescimento. Ademais, o governo tem surpreendido com a compra de tecnologia de ponta para setores como educação e indústria de óleo e gás.
João Batista Ribeiro, CFO da Dell EMC, adicionou que o setor de TI teve desempenho muito bom em 2017 e as perspectivas para o último semestre são positivas. O segmento de hardware (PCs), ainda que registrando vendas menores em relação há três anos, deve crescer dois dígitos no comparativo com o ano anterior. Com relação a 2018, a perspectiva é de que o ciclo de soluções de TI continue crescendo.

Como ponto de alerta, Ribeiro chamou atenção para o impacto que a condenação do Brasil pela OMC, que demanda o fim de sete programas nacionais de subsídios industriais, poderá gerar sobre as cadeias de supply-chain do setor de TI e de vários outros beneficiados por esses programas.

Flávia Buiati, CFO do Grupo Rio Quente Resorts

A demanda por soluções em nuvem aumentou bastante em 2017, como deslocamento de investimentos em outros serviços, observou Vitor Melo, controller da IBM Brasil. Por outro lado, notou-se retração no segmento de servidores e hardware em geral. Com relação às perspectivas para 2018, espera-se crescimento de duplo dígito para o mercado de cloud, e avanço das soluções ligadas a analytics, proteção de dados e inteligência artificial.

Fabio Castelucci, diretor financeiro da Hewlett-Packard Enterprise (HPE), companhia hoje mais voltada para soluções de infraestrutura de TI, notou que 2017 foi um ano estável em termos de receita e produtividade. A projeção do IDC Brasil é de crescimento deste segmento em torno de 6% em 2017. A expectativa da organização é crescer acima dessa estimativa, notou o executivo, ainda que em dígito único.

Mercado editorial: potencial para expansão – Para o mercado editorial livreiro, o ano de 2017 é de expectativas, com a perspectiva de crescimento zero ou perto disso, observou Mario Mafra, CFO da Editora do Brasil, quarta maior editora de livros didáticos do país. O setor continua impactado pela retração econômica, tendo acumulado queda de faturamento de 17%, em termos reais, nos últimos dois anos. Um dos desafios desse mercado, que fatura cerca de R$ 5,5 bilhões e vende 400 milhões de exemplares, é o baixo índice de leitura da população, cuja média é de meio livro ao ano por brasileiro. Contudo, o mercado apresenta oportunidades de crescimento.

João Paulo Seibel de Faria, CFO da Microsoft Brasil

Para os próximos anos, a grande expectativa está na implantação da Base Nacional Comum Curricular, iniciativa que promoverá alterações expressivas nos conteúdos didáticos utilizados pelas escolas publicas e privadas, a partir de 2020.

Educação: oportunidades de expansão – José Cláudio Securato, CEO da Saint Paul Escola de Negócios, destacou os grandes movimentos do setor. O segmento de ensino universitário, de forma geral, foi impactado pelas mudanças nas regras do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e pelo aumento da inadimplência impulsionado pelo crescimento do desemprego no País, nos últimos dois anos. Os brasileiros não deixaram de consumir cursos, mas observou-se a migração para programas secundários e de nível inferior de graduação.

Os segmentos de ensino fundamental e médio assistem à corrida pela aquisição de colégios privados, disputada por gigantes do setor com a perspectiva de abocanhar maior fatia desse mercado bilionário. Já o segmento de educação executiva segue avançando, pois as empresas continuam investindo no treinamento de suas lideranças; assim, escolas de negócios como a Saint Paul já cresceram 35% neste ano. Com a recuperação econômica, Securato vê para 2018 sinal verde para o setor de educação como um todo, com a perspectiva de novos movimentos de fusões, aquisições e IPOs.

João Batista Ribeiro, CFO da Dell EMC

Saúde: custos sob pressão – Em 2017, houve desaceleração no ritmo de queda do número de beneficiários de planos médico-hospitalares, que já se aproxima da estabilização. Apesar de ter acumulado receitas de R$ 130 bilhões nos primeiros 9 meses do ano, o setor possui margens apertadas, e a alta utilização pressiona os planos, que repassam o aumento de custos para os clientes. Assim, observou-se também um movimento de downgrade desses planos, notou Luis Andre Blanco, CFO da Odontoprev, ao trazer informações sobre o setor.

Já os planos odontológicos cresceram e de forma cada vez mais acelerada em 2017. O setor tem sido impulsionado pela entrada de novos players e o avanço na contratação de planos individuais, novos beneficiários de planos coletivos empresariais e planos coletivos por adesão. A Odontoprev, por exemplo, observou crescimento nos três segmentos: individual, corporativo e de pequenas e médias empresas.
O executivo alertou para o impacto da reforma do ISS (cujo veto parcial foi derrubado pelo Congresso em maio) sobre setores ligados a planos de saúde, serviços de cartões de crédito e débito, e leasing. Em função da alteração na Lei Complementar nº 116, a cobrança do imposto passará a ser feita no município do domicílio dos clientes, e não mais no município do estabelecimento que presta esses serviços, gerando mais complexidade fiscal para as empresas.

Vitor Melo, controller da IBM Brasil

Mercado financeiro automotivo: ano de recuperação – O setor aponta para uma retomada em 2017, após ter sido impactado pela redução das vendas de veículos novos, que caíram 20% em 2016 (segundo dados da Fenabrave). A boa notícia é que o setor iniciou uma recuperação, sobretudo nos últimos meses, informou Mario Janssen, CFO da BMW Group Serviços Financeiros Brasil. Foi observado também o movimento de aumento das vendas com pagamento à vista e a redução do número de financiamentos.

Para 2018, a expectativa é de recuperação do mercado, com estimativa de 5 a 7% de crescimento.

Investimentos: desafios para atração – Charles Putz, partner da Rio Bravo Investimentos, notou que apesar da queda da taxa de juros, continua difícil a atração de investimentos estrangeiros. Ele avalia que o motivo é o alto grau de incerteza sobre o que acontecerá no País, no cenário político, em 2018.

Fabio Castelucci, diretor financeiro da Hewlett-Packard Enterprise

Os investimentos internacionais continuam fluindo de grandes países não plenamente desenvolvidos, como China e Índia, sobretudo para setores estratégicos como infraestrutura e energia. Membro do Conselho de Administração da Sterlite Power, companhia elétrica indiana, Putz destacou o interesse da organização em crescer no Brasil, com foco no longo prazo. A empresa adquiriu recentemente dois lotes no leilão de concessão de linhas de transmissão de energia, realizado pelo governo brasileiro em abril. A companhia deverá participar de novo leilão, programado para dezembro.

Crédito: oportunidades para crescer – Paulo Melo, vice-presidente de relações institucionais e governamentais da Serasa Experian, informou que já existem três birôs de crédito no Brasil e em 2018 entrará em operação um quarto, formado por bancos. Esse mercado movimenta cerca de R$ 3,5 bilhões, e apresenta oportunidades de expansão. A projeção é encerrar 2017 com crescimento em torno de 10%.

Mario Mafra, CFO da Editora do Brasil

Com relação a 2018, a expectativa do setor é crescer em patamar semelhante. O maior ponto de preocupação está relacionado sobre os efeitos do cenário político e das eleições presidenciais sobre a economia no próximo ano. O setor também enfrenta desafios ligados à disrupção tecnológica e desafios regulatórios. Com relação a esse último ponto, a novidade será a aprovação do projeto de lei que torna automática a adesão dos consumidores ao cadastro positivo – que já recebeu aval do Senado, e está em discussão na Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados. O setor também estuda o impacto gerado pela reforma do ISS.

Encerramento
Keyler Carvalho Rocha, conselheiro do IBEF SP, fez um breve resumo sobre as discussões. ¨Percebemos uma mudança de clima: os CFOs estão mais otimistas neste ano em comparação às percepções registradas ao final de 2016. Claro que esse grau de otimismo varia de setor para setor, mas todos mostraram visão positiva. Apesar das incertezas relacionadas ao cenário político em 2018, em função das eleições, a perspectiva é boa. Esperamos ter a oportunidade de participar de uma situação mais crescente e positiva no país¨, concluiu.

José Cláudio Securato, CEO da Saint Paul Escola de Negócios
Luis Andre Blanco, CFO da Odontoprev
Mario Janssen, CFO da BMW Group Serviços Financeiros Brasil
Charles Putz, partner da Rio Bravo Investimentos
Paulo Melo, vice-presidente de relações institucionais e governamentais da Serasa Experian
Keyler Carvalho Rocha, membro do Conselho de Administração do IBEF SP

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

(Reportagem: Débora Soares / Fotos: Mario Palhares)

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