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Startup Week: Mais velocidade e inovação, menos burocracia; eis a cultura empresarial vencedora no mundo da inovação aberta

Com o intuito de demonstrar a importância da inovação aberta, no último dia 18 de agosto o IBEF-SP deu sequência à segunda edição da Startup Week com duas palestras relacionadas ao tema.

O evento contou com as participações de Mauricio Martinez, Gerente de P&D Digital da Porto Seguro e Oxigênio Aceleradora, que palestrou sobre “A inovação aberta na Porto Seguro”, e Guilherme Massa, cofundador e Head of Corporate Success da Liga Ventures, que realizou a palestra “ROI de Inovação – O caminho para medir retorno e resultados em inovação”.

A host do evento foi Flávia Schlesinger, VP do IBEF-SP e CFO da Pepsico Brasil, que destacou a qualidade do evento promovido pelo IBEF-SP: “estamos no último dia da Startup Week e eu já estou triste porque foi muito bom, muito animado, com assuntos superinteressantes.”

Inovação aberta – Maurício, um dos responsáveis pela concepção de uma aceleradora corporativa para a Porto Seguro – Oxigênio –, relembrou que em 2014, quando foi contratado, a questão levantada pela empresa era como transformar a TI e mantê-la tão acelerada ou mais antenada nas novidades do mercado do que a própria área de negócios. “A Oxigênio é um dos programas da área de pesquisa e desenvolvimento da Porto Seguro que está, por sua vez, dentro da área de TI. Cada empresa aloca a inovação de acordo com sua cultura, seu modus operandi”, complementou o gestor.

A missão do programa de aceleração é estimular a empresa a ter soluções inovadoras e enxutas, desafiá-la a ser mais ágil nos processos e desenvolver negócios inovadores. “A área de TI normalmente é envolvida no negócio quando se precisa de tecnologia em algum projeto. Aqui na Oxigênio estamos envolvidos desde o início, muitas vezes trazendo modelos de negócios que não são óbvios para a empresa, justamente para fazer essa provocação, estimulando muito a parte de ecossistema de empreendedorismo”, afirmou Maurício.

Evolução do modelo – Desde a implementação da Oxigênio, o modelo evoluiu, passando por diversos ajustes e refletindo em parte as próprias mudanças do mercado de empreendedorismo brasileiro. Maurício lembrou que a Porto Seguro investia nas startups, mas atualmente não investe mais diretamente, procurando, ao invés, proporcionar outros benefícios a estas companhias, como o fornecimento de espaço, softwares, estrutura, projetos de provas de conceito e toda uma rede de mentorias.

“Buscamos startups mais maduras, com soluções mais robustas, o que facilita a contratação e o seu uso por nossa empresa. Isso facilitou muito a nossa vida. Então, não somos mais uma aceleradora tradicional, mas uma aceleradora corporativa. Não aceleramos mais para ver o crescimento do nosso investimento, aceleramos para ver uma solução mais competente daquela startup e que possamos utilizar em mais de uma área aqui na Porto Seguro. Essa é a nossa razão de ser: desenvolver bons projetos com startups porque é uma solução ganha-ganha”, acrescentou o gestor da Oxigênio.

ROI de inovação – Na sua palestra “ROI de Inovação – O caminho para medir retorno e resultados em inovação”, Guilherme abordou alguns temas referentes à problemática relacionada à mensuração dos retornos proporcionados pela inovação e apresentou algumas abordagens propositivas.

O speaker destacou que o responsável pelo projeto de inovação geralmente está em um ambiente mais hostil, ou seja, apresentando à Diretoria projetos que muitas vezes vão parecer, por exemplo, muito arrojados ou fora de contexto. “Em um cenário de pandemia, imagine todos cortando custos e você traz um negócio que é basicamente um investimento em algo que não se consegue ver uma perspectiva de retorno em curto prazo. Entende-se o porquê, mas não se consegue criar um racional de retorno financeiro imediato”, explicou.

Guilherme destacou que o primeiro problema está no fato de a tradicional métrica do ROI (Return of Investment) se relacionar a premissas mais certeiras, criando dualidades no sentido de a inovação (que é um processo de transformação) se contrapor à repetição (processo consolidado), do investimento se contrapor ao retorno financeiro e da incerteza (processo de teste-erro) se contrapor às respostas já experimentadas e prontas. “O que normalmente se espera é que um projeto dê lucro muito rápido, sendo que do outro lado, a pessoa que trabalha com projetos de inovação precisa de mais tempo, mais apoio, mais recursos, de mais aposta no risco e não no retorno rápido”, explicou.

Mudanças constantes e outros retornos – Outro problema, na visão do palestrante, é que o mercado está em constante transformação e as empresas não podem mais ficar engessadas nas premissas de retorno financeiro certeiro. Nesse contexto, os planos estratégicos de longo prazo ou muito audaciosos deveriam ser substituídos por planos mais incrementais. Para isso, a empresa precisa dispor de competências e por isso o ¨stack de inovação¨ – que permite testar muita coisa de forma muito rápida – é importante. O cenário atual demanda da diretoria financeira maior auxílio à agilidade em pivotar a estratégia e menos em traçar um plano de ROI perfeito.

“No fim das contas, o retorno de um investimento em inovação não é só financeiro. Qualquer projeto de inovação é bom para desenvolver um canal novo, a marca, a cultura corporativa, talentos, engajamento, tecnologia e conhecimento novo. O problema é que todos esses outros não fornecem um ganho instantâneo”, ponderou.

Contabilidade de inovação – Citando Eric Ries e seu livro ‘A Startup Enxuta”, Guilherme disse apoiar o conceito proposto de contabilidade de inovação. O objetivo não está no foco em receita, mas nos aprendizados. Assim, o primeiro passo para a solução do problema da contabilidade de inovação é ter um portfólio por estágio. O segundo passo é estabelecer métricas claras que possibilitem pivotar ou perseverar na estratégia, no modelo de negócio ou no produto.

Por fim, Guilherme afirmou que as empresas devem ter uma estratégia de inovação. A organização precisa ter uma tese de investimento que, traduzindo para o mundo do venture capital, seria basicamente ter um ROI sobre o portfólio. Para isso, é necessário que a companhia desenvolva uma mentalidade e uma cultura intraempreendedora.

O confundador da Liga Ventures alertou que manter uma cultura organizacional na qual ninguém pode errar é acabar fomentando um ambiente em que as pessoas se protegem com opções seguras e estáveis. “Isso é jogar na renda fixa, a favor do status quo e a cultura intraempreendedora não é isso; ela é nadar contra a maré, ir contra o improvável”, concluiu.

O vídeo completo da live, com as apresentações das startups, ficará disponível para acesso exclusivo dos associados do IBEF-SP.

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