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Taxa Selic recua para 7,25%, a décima queda consecutiva

SÃO PAULO

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu na noite de ontem reduzir a taxa de juros em 0,25 ponto percentual para 7,25% ao ano, sem viés por 5 votos a favor e 3 votos pela manutenção da taxa Selic em 7,50% ao ano.

De acordo com o comunicado divulgado logo após a decisão, ao considerar “o balanço de riscos para a inflação, a recuperação da atividade doméstica e a complexidade que envolve o ambiente internacional, o comitê entende que a estabilidade das condições monetárias por um período de tempo suficientemente prolongado é a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta, ainda que de forma não linear”.

Votaram pela redução da taxa Selic para 7,25%, o presidente do BC, Alexandre Tombini, e os diretores Aldo Luiz Mendes, Altamir Lopes, Luiz Awazu Pereira da Silva e Luiz Edson Feltrim. No lado oposto – pela manutenção da taxa – foram registrados os votos de Anthero de Moraes Meirelles, Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo e Sidnei Corrêa Marques.

Segundo o professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), Samy Dana, “o crescimento do Brasil está baixo e a inflação começa a preocupar, esta dentro no limite superior, em 5,2% ,mas um crescimento perto do 1,2% ela não esta baixa, uma coisa é ter uma inflação de 5% e estar crescendo 10%”, colocou.

Na opinião do professor Antonio Carlos Colangelo Luz, da Trevisan Escola de Negócios, a taxa de juros já esta em um nível bem baixo, estimulando bem o consumo. Segundo ele, esse cenário é até um pouco perigoso pelo endividamento das famílias. Além disso o professor acredita que com a proximidade do fim do ano a inflação sofrer apreciação.

Para Georges Catalão, Gestor de Investimentos da Lecca, essa queda de 0,25% já estava precificada pelo mercado e portanto não havia motivo para que o Comitê não realizasse esse corte. “Essa queda vai ter impacto marginal para economia, já está precificado na curva de juros, um motivo seria a preocupação da inflação mas deixar de cortar 0,25% é pouco relevante, é mais relevante o Banco Central decidir quando vai voltar a aumentar os juros e porque”, disse.

Por meio de nota, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomércioSP) disse ter considerado positiva a decisão do BC. “Com isso, a taxa básica de juros da economia brasileira chegou ao menor patamar da série histórica desde março de 1999.”

Na nota, a assessoria técnica da federação destacou que o novo corte significa uma economia de até R$ 5 bilhões para o governo, contudo, pondera que a Selic pode estar próxima do limite, “já que a inflação está girando próximo de 5,5% ao ano”.

O presidente da Federação e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp e Ciesp), Paulo Skaf, afirmou que o comitê acertou ao manter o processo de redução da Selic, “num cenário de economia mundial fraca, com baixo crescimento e muita incerteza”. Para ele, a atividade da economia brasileira apresenta recuperação incipiente, baseada em mecanismos de efeito transitório, com a redução do IPI dos automóveis.

“Não é hora de mudar os sinais da política econômica, sob pena de abortar o processo de retomada e, em 2013, o país crescer menos que o mundo e que a América Latina, como ocorreu em 2011 e ocorre novamente em 2012.”

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) compartilha da opinião de Skaf. Em nota, a entidade disse que não vê, com a queda da taxa riscos para a trajetória da inflação, uma vez que o limite superior da meta, de 6,5%, já está garantido não apenas para este ano como no longo prazo.

No lado financeiro, o presidente do Conselho de Administração do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef) de São Paulo, Keyler Carvalho Rocha, comentou que o corte já era esperado. “A redução da Selic, porém, é feita agora com uma variável menor que a praticada ao longo das últimas reuniões do Copom. Entendemos essa postura como um sinal de cautela: os juros reduziram de tal modo que qualquer novo corte precisa ser feito de maneira mais prudente”, disse.

2013

O professor da Fundação Getulio Vargas acredita que esse patamar de juros não deve ser mantido no próximo ano, para ele a mudança de rumo das decisões do Copom deve ser vista já no primeiro trimestre de 2013.

Catalão também acredita na necessidade de novo aumento da taxa básica no próximo ano, mas diferentemente do professor da FGV, ele coloca que o governo deve usar essa estratégia apenas no início do segundo semestre de 2013. “Antes de subir juros o BC deve usar medidas macroprudenciais”, avaliou.

O professor Colangelo foi o único entre os entrevistados pelo DCI que acredita que o Banco Central tem condições de manter a Selic no mesmo patamar deste ano. Na opinião do especialista, a autoridade monetária poderia inclusive realizar um novo corte, mas “um fator que pode limitar isso é a própria aplicação em cadernetas de poupança”.

 

Veículo: dci.com.br

Data: 11/10/12

 

 

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